sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Apresentação do Livro: Informes Históricos da Paróquia Nossa Senhora da Purificação, por Danilo Pinto

Antes de apresentar o livro do nosso querido colega Adriano, gostaria de relembrá-lo do seu último aniversário, quando espirituosamente lhe escrevi um trecho da Música Menino Deus, de Caetano Veloso. É sabido que esta música não diz de felicitações natalícias, contudo não encontrei forma melhor de saudá-lo na ocasião dos seus 24 anos.

No cartão constava o seguinte: “Menino Deus quando tua luz se acenda, a minha voz comporá tua lenda e por um momento haverá mais futuro do que jamais ouve. Mas, ouve a nossa harmonia, a eletricidade ligada no dia, em que brilharias por sobre a cidade”. Não imaginava, eu, que a lenda que a minha voz comporia seria do seu livro, o qual hoje apresento, motivo pelo qual nos reunimos aqui, nem que a cidade por sobre a qual brilharias seria a querida Santo Amaro.

Mas, deixe-me apresentar o seu livro, posto que para isto que fui convidado. O livro Informes Históricos da Paróquia de Nossa Senhora da Purificação: reúne uma série de artigos sobre a quatricentenária paróquia da Purificação, situada na cidade de Santo Amaro, bem como descrições da gente morena que habita esta terra do massapê.

Dessa forma, o autor principia a sua obra conduzindo-nos num diligente passeio histórico pelas igrejas que sediaram a Paróquia da Purificação. Em seu relato, nos conduz do Engenho do Sergipe do Conde, dos tempos idos do 3º Governador Geral, Mem de Sá, à Praça da Purificação, onde hoje está situada a paróquia. Desde o início da sua construção em 1688, um empreendimento que durou cerca de cem anos, a Igreja Matriz passou por três grandes reformas: a primeira entre os anos 1921 e 1926, a segunda em 1939 e a terceira em 1994.

No segundo artigo que compõem este informe, o autor largueia a compreensão do contexto em que a paróquia foi criada ao oferecer-nos notícias da conjuntura eclesial da Bahia deste período, a saber, o século XVII. Cumpre lembrar que, naquela ocasião, estávamos no bispado de D. Constantino Barradas, que fora o 4º bispo da Diocese de São Salvador da Bahia.

Na outra parte desta seção, nos coloca diante do processo de desmembramento da Paróquia da Purificação, num itinerário histórico que vai de 1696 a 1871. Essa, ao longo dos seus quatrocentos anos, foi desmembrada em muitas outras, sendo a primeira delas a Paróquia de São Domingos de Gusmão, em Saubara; logo depois, a Paróquia de N. Senhora da Oliveira dos Campinhos, em Oliveira dos Campinhos e regiões circunvizinhas, seguida da Paróquia de São Pedro do Rio Fundo, em Terra Nova. Por fim, desmembrou-se ainda, dentro da própria cidade de Santo Amaro, a Paróquia de N. Senhora do Rosário.

O terceiro informe nos apresenta aos padres santamarenses e a algumas de suas contribuições à Igreja da Bahia. Antes disto, não posso deixar de citar, aqui, o próprio autor ao dizer que “Por certo, esta não é a única [contribuição], mas talvez seja a mais expressiva, considerando que gerar um padre é metáfora de tudo que uma comunidade de fé pode fazer por uma Igreja Particular”. Entre tantos vultos eclesiásticos, desta terra do massapê que enriqueceram o clero baiano, destaco no séc. XIX, o Côn. José Cupertino Lacerda que se tornou deputado e senador do estado, além de, por alguns meses, exercer o cargo de Governador. Além disso, foi o primeiro sacerdote a ocupar um lugar na Academia de Letras da Bahia.

No início do séc. XX temos o Côn. Miguel de Lima Valverde, que ascendeu ao episcopado e se tornou o primeiro bispo de Sta Maria da Boca do Monte / RS. Dentre os seus grandes feitos, destaco o início da construção da Capela da Sagrada Família, idealizada por ele; a fundação na Arquidiocese das Obras das Vocações Sacerdotais, bem como o jornal Cidade do Salvador, o Mensageiro de Fé e a Revista Eclesiástica da Bahia. Entre outras coisas preparou e presidiu, em Olinda e Recife /Pe, o 3º Congresso Eucarístico Nacional, realizado em 1939, além da criação da diocese de Caruaru em 1948.

Evidencia, ainda, o grande orador sacro da Bahia, monsenhor Gaspar Sadoc da Natividade. Este, antes de ordenado padre recebeu admiravelmente duas permissões para pregar em liturgias, considerando que ele se encontrava muitos anos antes do Concílio Vaticano II, isto não era comum. No exercício de seu ministério passou pelas paróquias de São Cosme e São Damião, na Liberdade, São Judas Tadeu e N. Senhora da Vitória, onde permanece até os dias atuais como vigário Paroquial. Em 1990 tomou posse na Academia Baiana de Letras. Muito respeitado na Arquidiocese, ainda exerce os cargos de Capelão do Instituto Feminino da Bahia e de Vigário Geral.

Mais adiante, nos deparamos com aquela que considero a mais bela alínea desta obra, a saber, o relato sobre as devoções marianas no conjunto arquitetônico da matriz da Purificação. Nesta parte, o autor nos conduz com maestria a um agradável passeio pela igreja matriz apresentado-nos cada imagem mariana, os seus afrescos representando as invocações da ladainha de N. Senhora e toda uma seção de painéis feitos de azulejos portugueses que retratam o Cântico dos Cânticos, o Proto-Evangelho de Tiago e alguns momentos da infância de Jesus. Ao ler este capítulo, confesso que me senti transportado a este espaço sagrado, experimentando, inclusive, da devoção que o povo santamarense tem a N. Senhora da Purificação.

Na seqüência, de um modo diverso, e não menos eloqüente, o autor nos apresentará as relações entre a cidade de Santo Amaro e Paróquia de N. Senhora da Purificação. Tendo em conta que “cada cidade tem uma marca identificadora, que no dizer de Susin é alma da cidade”. Neste capítulo, verificamos como a origem de Santo Amaro se confunde com os primórdios da própria presença da Igreja neste local.

Dessa forma, somos conduzidos num itinerário histórico das origens da localidade, no sec. XVII, quando ainda compunha a sesmaria de Mem de Sá, ao momento em que foi elevada à categoria de Vila, no ano de 1727, sob o título de Vila de N. Senhora da Purificação e Santo Amaro. Avançando alguns anos no tempo, vemos esta vila ser elevada à categoria de cidade no ano de 1837. O autor nos faz concluir que, todo o processo de desenvolvimento da cidade, oficiosamente chamada de Santo Amaro da Purificação, não se deu em outro lugar senão em torno da atual Igreja Matriz da Purificação, o que, por sua vez, denota a centralidade da piedade cristã na vida de seus habitantes.

Outro artigo que compõem estes informes nos noticia os párocos e auxiliares que governaram a paróquia da Purificação nestes seus quatrocentos anos de vida. Num fôlego impressionante, o autor nos apresenta desde o provável primeiro pároco o Pe. Antônio Fernandes, até o Côn. Hélio Vilas Boas, o último deles, antes da chegada do Mons. Walter Pinto de Andrade. Cumpre ressaltar que, esta explanação oferece ricas informações dos momentos mais salutares da vida pastoral desta paróquia, cap. que se complementa com o último, intitulado de A Ação Pastoral da Purificação.

O autor dedica, ainda, um capítulo especial aos benfeitores da paróquia, na pessoa das centenárias D. Luizinha Pedreira e D. Canô Veloso, a primeira delas animadora vocacional do nosso artífice. Para este, “elas são apenas a expressão atual da providência que Deus sempre suscita na história para amparar o anúncio do Evangelho, assim como suscitou piedosas mulheres que auxiliassem materialmente o ministério do seu Filho, na Galiléia”. Dessa forma, num caminho descendente o autor nos apresenta aos benfeitores que contribuíram de forma mais significativa nestes quatrocentos anos desta comunidade de fé.

Certamente, Informes Históricos da Paróquia de Nossa Senhora da Purificação não cumpre apenas a promessa de recuperar a memória quatricentenária da referida paróquia, o que por si já se constitui de um grande feito. Mas, esta obra oferece ao pesquisador em geral informações raras e termos próprios da História da Igreja que não são muito usuais e que o tempo os legou o esquecimento. De sobremaneira, na atual conjuntura que vivemos, quando várias paróquias desta Igreja Particular celebram a sua data de confirmação, o seu livro não é outra coisa que não um presente a esta arquidiocese que tem “o pé fincado na história”, e da qual somos agradecidos herdeiros.

Por fim, gostaria de lhe dizer que é louvável este seu empenho em conjugar Teologia e Literatura, e embora trate este livro de assuntos históricos não poderia estar tão bem feito se não fosse inspirado na fé, nem possuísse a beleza tão própria das Letras. A Teologia, Adriano, e em especial as Letras, te merecem. Parabéns pelo seu trabalho e que Deus continue fazendo profícuo o seu caminho.

Danilo Pinto dos Santos

30 de Outubro de 2008.

Lançamento do Livro: Informes Históricos da Paróquia Nossa Senhora da Purificação


Projeto Cafeteoria: Degustando Saberes

terça-feira, 2 de setembro de 2008

68 Mais 40

Site contendo informações acerca dos eventos relacionados a 1968 na Bahia, no Brasil e no mundo! Não deixe de acessar!
http://www.68mais40.ufba.br

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Conferência: Filosofia, Ética e Morte

Conferencista: Profº Dr. José de Anchieta Correa (Universidade de Louvain na Bélgica)
Horário: 10:00h-12:00h
Local: Espaço Cultural no Campus da Federação UCSAL

Ps.: A conferência vale como atividade complementar.

sábado, 23 de agosto de 2008

1968: quarenta anos depois (I)

Maria Clara Lucchetti Bingemer*

Quarenta anos depois, os acontecimentos de 1968 ainda são um marco para todos que vivemos boa parte de nossas vidas no século XX. O ano que “não terminou”, no dizer do provocante livro de Zuenir Ventura, representou um momento de rupturas e propostas novas que até hoje constituem referências no comportamento, na ética e no pensar ocidental.

A revolução trazida pelos acontecimentos de 40 anos atrás possibilitou repensar a política em termos mais abrangentes, para além dos limites dos partidos e das divisões bipolares do mundo entre campos necessariamente opostos. A arte da intervenção na polis ganhou asas mais potentes e contagiou segmentos sociais nunca antes tocados.

Embora não tenha chegado a constituir o imaginário hegemônico que poderia delinear um novo modelo de estado, 1968 representou, em termos mundiais, uma nova maneira de ser humano e um novo perfil do ser humano como animal político.

Em termos comportamentais, foi o ano da oficialização da revolução sexual, da liberação dos costumes. O movimento hippie estava no auge, com seu lema “faça o amor, não faça a guerra”. A juventude recusou o mundo legado por seus pais, encharcado do sangue de duas guerras mundiais, da tensão da guerra fria e do assassinato em massa na guerra do Vietnam. E o caminho que encontrou para seu protesto foi redescobrir a natureza, a liberdade das relações sexuais, o sexo sem conseqüências, garantido pela pílula anticoncepcional que as mulheres passaram a tomar para evitar a gravidez indesejada.

As relações interpessoais conheceram profunda mudança. O ano de 1968 foi marcado pela rejeição a todo autoritarismo e totalitarismo, afetando a interlocução e o diálogo entre gerações e estamentos da sociedade. Pai e filho, patrão e empregado, superior e subordinado viram seus papéis afetados e invertidos, substituídos pela subversão indignada em vez da submissão e da ordem que até então vigorava.

Com relação à religião, e sobretudo ao cristianismo que há 40 anos ainda era hegemônico, houve igualmente uma reviravolta na forma de viver a fé e a adesão religiosa. O concílio Vaticano II, terminado em 1965, sopro de inesperada primavera dentro da Igreja católica, instituía uma reforma litúrgica, devolvia a Bíblia às mãos dos fiéis católicos e abria as portas ao ecumenismo e ao diálogo inter-religioso.

A Igreja se autocompreendia como perita em humanidade e defendia a positividade de um mundo e de uma terra até então olhados de soslaio, como inimigos da pureza e das coisas do espírito. A inserção da autonomia no cotidiano introduziu profundas mudanças nas relações dos fiéis com a instituição eclesial, fazendo com que o desejo e a consciência fossem as últimas instâncias que regem o caminho de adesão e compromisso religioso das pessoas e não a norma institucional ou moral, ou a verdade dogmática.

Hoje, ainda vivemos das corajosas inovações que naquele ano nos foram propostas. Mas diante dos novos paradigmas que configuram o tecido social e eclesial no momento atual, somos convidados a resgatar o principal dessa novidade aí proclamada, ficando com o melhor que ela nos oferece. Que 1968 seja para nós um ano que não terminou. Não enterremos todas as positivas conquistas que nos trouxe. E saibamos criticar e corrigir os desvios e excessos que vieram com essa revolução como com tantas outras.

*Maria Clara Lucchetti Bingemer, teóloga, professora e decana do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio. É também autora de "A Argila e o espírito - ensaios sobre ética, mística e poética" (Ed. Garamond), entre outros livros.

FONTE: www.amaivos.uol.com.br

Fotos da reinauguração do C.A.

















quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Inauguração do Blog


Inauguramos, hoje, o blog do Centro Acadêmico de Teologia. Nele, você ficará informado, diariamente, de tudo o que acontece na nossa universidade, e das propostas do nosso centro acadêmico. Além de ser, ele, um veículo de divulgação de textos teológicos, filosóficos e de outras áreas do conhecimento produzidos por nossos estudantes e professores. Lembramos que, com a sua contribuição "Nada Será Como Antes". Contamos com o seu acesso!